Todos ou quase todos nós, em algum momento das nossas vidas, já nos deparamos com a palavra esquizofrenia ou com algum dos seus derivados. Este contacto, contrariamente a muitos outros, e sem variação entre nenhum de nós, foi certamente empregando de teor negativo. É assim que, ao longo de décadas, nos fomos construindo socialmente.
Tendencialmente conotamos negativamente uma doença que nada mais (ou menos, dependendo da perspetiva) tem que outras doenças. Tal conotação social, repleta de estigma, levou a que alguns países, como o Japão, alterassem o seu termo. Ainda assim, as consequências clínicas, socioculturais e económicas não se alteraram.
A esquizofrenia é uma doença mental grave que tem um impacto significativo, não só nos doentes que dela sofrem, mas também nas suas famílias. Apesar do tratamento farmacológico continuar a ser a pedra basilar da gestão clínica do doente com esquizofrenia, há evidência de benefícios adicionais substanciais quando a este se associam intervenções psicoterapêuticas, nomeadamente a Terapia Familiar Sistémica.
Embora a TFS não seja muito conhecida ou muito utilizada em todo o mundo, em comparação com outras terapias cognitivas e de orientação familiar, a sua eficácia no que concerne à evolução clínica da doença, em termos de gestão de crises familiares, eventos de vida e recorrência de sintomas já foi demonstrada.
A abordagem sistémica e psicopatológica nestas situações, poderá promover o maior envolvimento familiar em torno das soluções possíveis, mais do que nos problemas. Neste sentido, a focalização nos padrões de comportamento que mantém o problema, mais do que dissecar o problema, permite à família fazer pequenas mas fundamentais mudanças no dia-a-dia: na forma como se relacionam com a doença, na forma como tratam a pessoa com esquizofrenia e na forma como passam a ter espaço para ser ouvidas individualmente para além da doença.
Uma família, uma pessoa é muito mais que a doença!
Procurem o vosso porto seguro!
